Discurso de Posse na APL





Discurso de Posse de Almir Tosta na Academia Petropolitana de Letras


Meus cumprimentos à mesa através da ilustre Presidente da Academia Petropolitana de Letras, a jornalista e escritora Christiane Michelin, ilustríssimos Acadêmicos e Amigos presentes.
Depois de 40 anos, retorno à minha cidade de origem, a encantadora Petrópolis.  Sai como engenheiro formado pela UCP, e voltei na condição de um escritor. Após muitos anos de pesquisa e muito material armazenado, surgiu-me a ideia de escrever livros. Durante muito tempo, escrever se tornou um exercício diário, minha principal atividade após a aposentadoria. O resultado foi uma significativa produção literária, algumas obras publicadas, outras aguardando o momento oportuno.
Escrevi sobre outros temas do cotidiano, mas foi a Bahia, estado onde vivi esses quarenta anos, a minha maior fonte de inspiração.  A sua história, cultura, o seu povo, tão singular em sua pluralidade, tudo isso me instigava enquanto me envolvia. Foi na cidade de Salvador, que recebi o meu primeiro título Acadêmico, outorgado pela Academia de Cultura da Bahia. 
Mas a minha Petrópolis não saíra de meu coração e, quando surgiu a oportunidade de retornar, não hesitei. Não encontrei mais o largo das peraltices do Menino Bizuca, personagem que me representa em um dos meus livros autobiográficos, mas encontrei novos amigos, novos lugares, ambientes apropriados para o menino crescido. Entre esses lugares está a Academia Petropolitana de Letras, ambiente que comecei a frequentar desde a minha chagada. Era um visitante atento, mas sem pretensões maiores. Para mim o mais importante era compartilhar de momentos que acrescentassem aos meus conhecimentos, relacionar com pessoas de objetivos comuns. Mas não posso omitir a minha alegria ao ser indicado para concorrer à vaga a qual neste dia tomo posse, através do Acadêmico Ângelo Romero, uma das primeiras pessoas com as quais me envolvi culturalmente nesta cidade, e que me deu o prazer de ler os meus livros. Ser eleito por unanimidade, como membro de uma Instituição de tamanha relevância, como a APL, e na minha cidade natal, significa para mim, um prêmio de bom retorno, e a constatação de que meus anos de dedicação à leitura e a escrita valeram a pena.
Sinto-me extremamente honrado em ocupar a cadeira de nº 27, que pertenceu ao ilustre Ministro Francisco de Paula Rocha Lagôa, oriundo de tradicional família mineira de Ouro Preto. Espero corresponder aos que me confiaram esta relevante honraria e poder contribuir da melhor forma para o bom andamento da Entidade.
Para discorrer sobre o meu antecessor, Ministro Rocha Lagôa, tomo como base um texto do amigo Acadêmico, Dr. Fernando Costa, que com a abrangência de quem o conhecia, o descrevera de forma brilhante, desde o homem culto e intelectual, ao cidadão de bem, médico dedicado, Ministro da Saúde.  Integrante de uma família composta por intelectuais renomados e políticos influentes, o Professor Dr. Francisco de Paula Rocha Lagôa diplomou-se em medicina, pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal Fluminense, e especializou-se por meio do Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz. Compartilhou os conhecimentos adquiridos, tornando-se professor na Escola Nacional de Veterinária e, posteriormente no Curso de Aplicação do Instituto Oswaldo Cruz e na Escola Médica de Pós Graduação da PUC, Rio de Janeiro. Foi Membro do Quadro Permanente de Pesquisadores e Professor Catedrático do Instituto Oswaldo Cruz. Pela sua atuação competente em todos os cargos que assumiu, muitos deles na condição orientador, coordenador e chefe, chegou ao posto maior em sua área de atuação: Ministro de Estado dos Negócios da Saúde. Foi laureado e condecorado por 23 vezes. Integrou a importantes Conselhos e comissões ligados a Medicina, no Brasil e no Exterior. Produziu trabalhos de grande relevância científica, quase todos publicados. Foi Membro da Academia Petropolitana de Letras e do Instituo Histórico de Petrópolis.
A cadeira que deixara vaga e, para a qual fui eleito, é Patronímica do também médico, Miguel Pereira.
Miguel da Silva Pereira nasceu em São José do Barreiro, interior de São Paulo. Diplomou-se pela Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro, onde se tornou assistente e depois catedrático em Patologia Interna, e mais tarde um reconhecido especialista em Medicina Sanitária, com destacada atuação, deixando um rico legado de trabalhos de Clínica Médica. Mas, segundo pesquisa, sua principal obra “Tratado de Clinica Médica”, teve seus originais queimados, no momento em que ele descobriu que era portador de uma doença incurável.  
Pela excelência de seu trabalho na área médica, Miguel Pereira foi aceito como membro da Academia Nacional de Medicina, Entidade que veio a presidir no ano de 1910.
Falecido em dezembro de 1918, Miguel Pereira é patrono da Cadeira nº 02, da Academia Nacional de Medicina, e o distrito de Estiva, então pertencente ao município de Vassouras, foi rebatizado com seu nome e hoje é a cidade de Miguel Pereira.

Concluo agradecendo aos confrades e confreiras pela minha eleição, à presidente da APL, Christiane Michelin, pela acolhida e sempre carinhosa atenção; a minha querida esposa, a acadêmica Ivone Alves Sol, principal motivadora de meu retorno a Petrópolis, e minha companheira em tudo; A minha família que tão carinhosamente nos recebeu, e que compartilha de nossas realizações; aos amigos e parceiros culturais e aos presentes de um modo geral. Muito Obrigado!

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